Sofiatti no Business Fórum COP30
- Sofiatti Gestão Ambiental

- 7 de abr.
- 5 min de leitura
O mais novo hub de inovação verde da Amcham, a inaugurada Green House Amcham, foi palco do Business Fórum COP30, um evento preparatório de grande relevância para a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), que será sediada no Brasil ainda este ano. O fórum reuniu líderes governamentais, representantes do setor financeiro, da indústria e do agronegócio para discutir os caminhos rumo a uma economia mais verde e as estratégias para o enfrentamento da crise climática.
A Sofiatti acompanhou este importante e relevante evento, e queremos compartilhar os insites do encontro que contou com painéis de alto nível e discussões intensas, que delinearam os principais desafios e oportunidades que o Brasil enfrenta na construção de um futuro mais sustentável.
Destaques das Discussões: Políticas, Financiamento e Inovação
Um dos painéis de destaque contou com a participação do secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, que abordou temas cruciais como fundos de investimento para a recuperação de florestas e o papel da matriz energética brasileira – uma das mais renováveis do mundo. O etanol e os biocombustíveis foram enaltecidos como fontes renováveis e estratégicas para o país. Capobianco também destacou o potencial dos setores de siderurgia e cimento, que vêm investindo em tecnologias, estas já aptas e capazes de contribuir com a sustentabilidade. Ainda reforçou a necessidade de políticas públicas consistentes para acelerar essa transição.
Capobianco alertou ainda para o custo elevado da inação climática, trazendo o número dos prejuízos na ordem de R$ 1 trilhão ao ano – o equivalente a um terço do PIB brasileiro – que já estão sendo direcionados a ações de correção dos impactos ambientais das mudanças climáticas.
Financiamento Privado como Motor da Transição
Marcelo, representante do Banco Citi, destacou que o financiamento da agenda climática virá, majoritariamente, do setor privado, enfatizando a importância do engajamento empresarial e da criação de mecanismos que incentivem estes investimentos em projetos sustentáveis.
O BNDES, representado por João Paulo Pieroni, posicionou-se como protagonista na transição climática. A instituição está desenvolvendo mecanismos inovadores para canalizar recursos com direcionamento a áreas prioritárias, aproveitando o crescente interesse do capital estrangeiro em financiar projetos sustentáveis no Brasil. Com 89% de sua carteira voltada a projetos renováveis, o BNDES já é o maior financiador energético de tecnologias renováveis no mundo. A "agenda verde" foi apontada como um vetor estratégico para atrair investimentos, com destaque para o desenvolvimento de cadeias de valor sustentáveis.
Agronegócio Sustentável em Ascensão
Eduardo Monteiro, da Mosaic, apresentou o avanço dos bioinsumos – tecnologia que utiliza microrganismos para nutrir o solo e aumentar a resiliência das plantas ao estresse hídrico. A inovação tem ampliado áreas de cultivo de forma sustentável. Ele também trouxe números sobre os resultados da inovação e tecnologia no Agronegócio, configurando um aumento de 450% na produtividade agrícola brasileira nos últimos 35 anos, o que evitou a necessidade de incorporar 125 milhões de hectares adicionais para atender à demanda atual.
Durante o fórum, reforçou-se a importância de produzir dados confiáveis que comprovem os avanços em sustentabilidade, bem como da adoção de uma taxonomia alinhada com normas internacionais – considerada uma ferramenta regulatória essencial para orientar os agentes econômicos rumo a práticas mais sustentáveis.
Gestão Territorial: Desafios e Estratégias
Foram abordados os desafios da gestão de grandes áreas, a integração produtiva com a floresta, o respeito à reserva legal e às Áreas de Preservação Permanente (APPs), além do controle do desmatamento e da manutenção do estoque de carbono. Com um impacto climático crescente sobre as florestas, esta pressão de degradação sobre os ecossistemas naturais já chega a 40% o que reforça a urgência por medidas eficazes.
A Votorantim compartilhou seus mecanismos de conservação, citando iniciativas como o projeto REDD (Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal) e o certificado Carbonfloor. O crédito voluntário no mercado de carbono foi apontado como uma solução promissora, que necessita de uma "tropicalização" de sua regulamentação para se adequar às condições climáticas específicas das florestas brasileiras, um ponto bastante debatido no fórum.
A Cargil também destacou a agricultura regenerativa como uma nova tendência, focada na redução do uso de insumos tradicionais e no aumento da aplicação de bioinsumos. A empresa ressaltou que a transição energética e a segurança alimentar são preocupações centrais para mais de 190 países, ecoando as discussões do Fórum Business COP 30.
A JBS, por sua vez, apresentou ações voltadas à redução da pegada de carbono em sua cadeia produtiva, como projetos de conscientização, aproveitamento energético, reciclagem e transformação de resíduos em agrofertilizantes. A empresa apoia a regularização e o compliance de seus fornecedores, já tendo qualificado mais de 68 mil produtores.
Pará: Protagonismo na Ação Climática
O governador do Pará, Helder Barbalho, futuro anfitrião da COP30, trouxe dados animadores sobre a redução do desmatamento no estado nos últimos cinco anos, caindo de 4.4 mil km² para 2.200 km² em 2024. Apresentou o modelo de transição do estado, baseado na mudança do uso do solo e em estratégias transversais de comando e controle fiscal, com o objetivo de manter as florestas vivas e impulsionar um mercado de crédito de carbono robusto.
Um dos projetos inovadores em andamento no Pará é a rastreabilidade individual bovina utilizando brincos de identificação, que visam retornar ao produtor benefícios de uma produção sustentável. O estado também aposta no cultivo de cacau e açaí para a captura de carbono, com a meta de produzir 30 mil toneladas em créditos até 2027. Barbalho acredita que o crédito de carbono voluntário será a nova commodity ambiental e anunciou um leilão inédito em parceria com a B3, para concessão de áreas degradadas para empresas privadas investirem no restauro florestal, criação de mudas e manutenção de viveiros, uma iniciativa concreta e em ação concomitante ao fórum.
Colaboração e Visão Sistêmica para o Futuro
João Paulo Pieroni (BNDES) reforçou a importância da colaboração com fornecedores e da preservação da isonomia regulatória, defendendo um diálogo contínuo entre os setores público e privado. Ele alertou que ações isoladas não serão suficientes para resolver a crise climática – um desafio global que exige visão sistêmica e ação coordenada.
Fábio Rua, da General Motors, expressou sua satisfação com o programa governamental Mover, classificando-o como "uma política pública estruturante que traz resultado e transforma a realidade". Ele aproveitou o painel com o ministro dos Transportes, Clovis Benevites, para ressaltar a necessidade de atenção aos riscos da cadeia produtiva, às oportunidades e à urgência de compromissos para que as estratégias se traduzam em ações concretas, um ponto relevante levantado no evento da Amcham.
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O Business Fórum COP30, que marcou a inauguração da Greenhouse da Amcham, evidenciou não apenas a complexidade e urgência da agenda climática, mas também a crescente mobilização de diferentes setores da sociedade brasileira em busca de soluções sustentáveis e inovadoras. A COP30, sediada no coração da Amazônia, será uma oportunidade ímpar para o Brasil apresentar seus avanços e firmar compromissos ambiciosos para o futuro do planeta – fortalecidos por encontros como este.
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